quinta-feira, 19 de junho de 2014

Um café e uma breve reflexão sobre a mulher nos dias de hoje.


      Eu tenho 23 anos, falo português, frânces, inglês e espanhol; sou formada - em umas das melhores do universidades do país, estou aí terminando o mestrado, desde dos 19 que trabalho e estudo; e sou solteira. Apesar de todo esse meu currículo, publicações em eventos e congressos, as pessoas ainda valorizam a solteira mais que o resto e julgam que eu sou assim por valorizar demais a minha carreira ou por ser lésbica.
         Mesmo tendo o impulso de mandar quem diz isso para aquele canto em 4 línguas diferentes, eu me contenho em sorrir aquele sorriso amarelo e fazer alguma piadinha clichê.
         Não respondo a parte da lésbica, isso ficará para outro texto.
       Não entendo essa cobrança da sociedade de que eu devo ser protagonista de um comercial de margarina, não entendo mulheres que valorizam relacionamentos a tudo, não entendo os homens que olham primeiro a minha aparência e depois não se incomodam com o meu conteúdo, não entendo como a minha felicidade precisa estar associada a um relacionamento e não a carreira, ou então que eu sou obrigada a priorizar um e não ter os dois.
         E o principal, não entendo como as pessoas julgam que eu sou triste e depressiva por ser assim, que algo muito ruim deve ter acontecido no passado pra justificar que eu tão nova e linda não esteja com um homem que me faça feliz.
         Eu fui criada para ser inteligente, para não depender de ninguém, para fazer o que quisesse e não dar satisfações a alguém, para ser reconhecida pelo meu trabalho, ter um cabelo impecável, saber andar no salto 15 e acima de tudo educada, deve ser por isso que não mando as pessoas para aquele canto.
         Queria eu que todas as meninas tivessem uma criação assim e os meninos uma que ensinassem que a mulher pode ser assim, eu escutaria menos vezes "você se importa demais com a carreira", "vai acabar sozinha", "homem não quer mulher assim", "e os namorados?"...Dentre tantas outras perguntas inconvenientes.

Uma vez quando era pequena minha mãe me disse que eu poderia ser o que quisesse, eu escolhi ser mulher e ela poderia ter me dito que talvez o mundo não estaria pronto para a mulher que ela criou.


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